Fatos que marcaram passagem pelo Governo do Piauí
Zózimo Tavares (*)
Três episódios políticos marcaram, fundamentalmente, a passagem de Petrônio Portella pelo Governo do Piauí, entre 1963 e 1966.
Logo no início do mandato, ele enfrentou uma sublevação dos oficiais da Polícia Militar.
Os militares se rebelaram porque o governador não atendeu a reivindicação deles por aumento no soldo da categoria.
Petrônio jogou duro com os oficiais: não dialogou com eles nem aceitou suas imposições.
Enfrentou a sublevação com a ajuda do Exército e os líderes do movimento foram presos.
Audiência com Kennedy
Outro momento marcante foi o encontro do governador do Piauí com o maior líder mundial de então, o presidente John Kennedy, dos Estados Unidos.
O governador piauiense foi recebido no Salão Oval da Casa Branca, onde se localiza o gabinete do presidente norte-americano.
Um feito inédito. Antes e depois disso, os governadores do Piauí que viajam ao exterior jamais foram recebidos em audiência reservada por um chefe de Estado da projeção internacional de Kennedy.
Nessa audiência, o governador assegurou investimentos no Piauí com recursos norte-americanos.
O presidente dos Estados Unidos foi assassinado em 22 de novembro de 1963, em Dallas, mas os acordos feitos foram cumpridos e os investimentos se realizaram através do programa “Aliança para o Progresso”.
Os recursos recebidos de Washington possibilitaram muitas ações governamentais no Piauí, naquele período, sobretudo no setor educacional, significado o desenvolvimento de sua rede de ensino.
À época, a taxa de analfabetismo no Piauí chegava a 49% e a de evasão escolar alcançava escandalosos 94%.
Guinada em 64
O momento de maior repercussão do período de Petrônio Portella no governo estadual, foi, entretanto, a irrupção do golpe militar de 1964.
No primeiro instante, o governador manifestou-se enfaticamente em defesa do presidente deposto João Goulart, a quem recebera há pouco tempo em Teresina.
Em pouco mais de 24 horas, ele mudou radicalmente de posição e passou a apoiar o novo regime.
Com isso, desviou-se do destino dos governadores que, como ele, se posicionaram contra os militares e acabaram cassados e presos.
A muito custo Petrônio conseguiu equilibrar-se no fio da navalha daí por diante.
Para tanto, teve que praticar acrobacias e contorcionismos políticos impressionantes. (Segue)
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(*) Jornalista e escritor. Autor dos livros “Petrônio Portella”, publicado pelo Senado Federal, em 2010, como Volume 7 da Coleção Grandes Vultos que Honraram o Senado, e de Petrônio Portella – Uma biografia, editado em 2012.