“O livro Flores Vermelhas em Noites Azuis é uma obra de grande importância para a construção do senso crítico e da cidadania”.
A opinião é do professor e acadêmico Carlos Evandro Martins Eulálio, e foi manifestada no prefácio da segunda edição do livro do advogado, escritor e acadêmico Moisés Reis, recém-publicada pela Bienal Editora.
Conforme o professor, que é também crítico literário, a leitura dos textos do livro de Moisés Reis tanto atualiza e amplia o repertório de informações do leitor quanto contribui para aprimorá-lo, em relação à capacidade de análise crítica da realidade e do mundo que o cerca.
Temática
E prossegue o crítico, que ocupa a Cadeira 38 da Academia Piauiense de Letras:
“Quanto à temática, identificamos na obra dois grupos de artigos. O primeiro, que constitui a grande maioria dos textos, são os respeitantes à esfera social, política e econômica. O segundo grupo reúne aqueles artigos de tom mais subjetivo, de natureza abstrata ou metafísica que envolvem questões sobre a condição universal do homem.
Assim, no primeiro grupo, à guisa de exemplo, elencamos os seguintes temas:
A globalização e suas consequências negativas para os países mais pobres, como o aumento da pobreza, do desemprego e da desigualdade;
A judicialização do Supremo Tribunal Federal ou o ativismo judicial. Ao questionar a atuação do Judiciário em áreas tradicionalmente do Legislativo ou do Executivo, como a formulação de políticas públicas, ou a interpretação de leis, constrói-se a representação social de um STF que se distancia do papel tradicional de guardião da Constituição;
As guerras nas diversas regiões do mundo, com sérias ameaças à paz global;
As lutas da mulher para conquista de seus direitos na sociedade;
O livro físico, considerado entre as invenções do homem como a que, tecnologicamente, é insuperável quanto ao caráter prático de seu manuseio;
A inflação como ameaça de retorno “ao distante ano de 1994”;
A intolerância alimentada pela cultura do ódio;
A radicalização decorrente da crise moral e política em que vive o País;
O desemprego e, por consequência, a pobreza como o maior flagelo da humanidade;
A ética e a política, os políticos e a politicalha atual, numa referência a práticas corruptas e pouco éticas que permeiam alguns setores da política, prejudicando a sociedade;
A violência nos centros urbanos; os desastres ecológicos “causados pelas inconsequentes ações da geração atual”, entre tantos outros temas.
A condição humana
Por fim, escreve o professor Carlos Evandro:
“Os ensaios e crônicas que abrangem a temática dos textos do segundo grupo incluem aspectos da vida humana, como valores, crenças e experiências pessoais. Nesta série, destacamos os textos:
A alma do poeta, aqui representado como alguém que possui o poder único de interpretar os sentimentos humanos. “É ser diferente, porque para fazer poesia é preciso ter o dote especial de fina e aprimorada sensibilidade, longe do alcance da maioria dos mortais”, acrescenta o autor;
O destino é a vontade; todo homem faz o seu destino: o título é uma frase de Machado de Assis – de modo incisivo, o autor conclui que o homem é responsável por seu destino: “Somos o que somos, resultante dos nossos atos, do querer ser”;
O homem e sua finitude: trata-se de profunda reflexão sobre a precariedade da existência humana e a inevitável evidência de que, “Somos mortais, sujeitos à passagem do tempo; cedo ou tarde, algo inevitável — a eternidade sem fim — um dia, baterá à porta”;
O poder das palavras: o objetivo desse ensaio é chamar a atenção do leitor para o poder que as palavras possuem quando enunciadas. Por isso devemos utilizá-las com prudência e responsabilidade, pois, conforme o autor, “É preciso lembrar que a liberdade de expressão não é um salvo-conduto irrestrito; a palavra tem o poder de unir ou dividir”;
Telurismo: este é o mais subjetivo de todos os textos. Em poucas palavras, o autor nos transmite com emoção a influência que a terra natal exerce na vida de todos que ali nasceram”.
