Petrônio Portella: um político que fez história

Por: Assessoria

Teresina - PI

Carvalho e Silva, ex-deputado estadual.
Carvalho e Silva, ex-deputado estadual.

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Por Carvalho e Silva, Ex-Deputado Estadual

Em 2025, Petrônio Portella completaria 100 anos. Falar sobre ele é recordar parte da história política do Piauí e do Brasil. Tive o privilégio de conviver com esse grande homem em diferentes momentos da vida, coincidências que marcaram profundamente minha trajetória pessoal e pública. Nossos caminhos se cruzaram diversas vezes, como aluno, servidor e político, e cada encontro reforçou minha admiração por sua inteligência, integridade e espírito conciliador.

Após concluir o ginásio, no Colégio São Francisco de Sales – Diocesano, ingressei na Escola Técnica de Comércio do Piauí. A primeira disciplina ministrada no primeiro dia de aula foi Prática Jurídica Comercial e, para nossa surpresa, o professor era Petrônio Portella Nunes, então prefeito de Teresina. Todos nós, alunos, além de surpresos, ficamos honrados com a oportunidade de conhecer e aprender com aquele que já se destacava como uma grande liderança.

Durante alguns semestres, tive aulas com o professor Petrônio Portella. Um homem sempre íntegro e com vasto conhecimento a compartilhar. Alguns anos depois, concluí o curso de Direito na Faculdade de Direito do Piauí e fui nomeado Diretor Regional dos Correios do Piauí (DR-PI). Nessa época, Petrônio Portella já era governador do Estado.

Devido às solenidades públicas, tive o prazer de encontrá-lo em várias ocasiões. Em setembro de 1966, decidi pedir exoneração dos Correios e me candidatar a deputado estadual. Naquele momento, o grande líder político era ele, Petrônio Portella, que também havia deixado o cargo de governador para concorrer ao Senado da República.

Mais uma coincidência política unia nossos caminhos: ele, candidato a senador; eu, a deputado estadual. Dividimos o palanque diversas vezes, e embora soubesse que sua figura era sempre maior e mais influente, sentia-me honrado por caminhar ao lado de um homem de tamanha estatura moral e política.

No dia 1º de janeiro de 1967, tomei posse como membro da Assembleia Legislativa do Piauí, enquanto, na mesma data, Petrônio Portella assumia o mandato de senador da República, iniciando uma trajetória que o consagraria como um dos maiores políticos de todos os tempos.

Em suas vindas ao Piauí, sempre nos encontrávamos. Recordo com nitidez o dia da posse de Alberto Silva, quando tive a honra de ler o termo de posse e, ao meu lado, estava o senador Petrônio Portella, testemunhando mais um momento marcante da história política piauiense.

Em 1978, Petrônio foi indicado como representante do governo para coordenar as candidaturas a governador. À época, existiam as sublegendas, e cada Arena podia lançar dois nomes. Votei na Assembleia Legislativa para o governador Lucídio Portella, irmão de Petrônio.

Logo após Lucídio assumir o governo, fui nomeado Secretário de Trabalho e Ação Social. Nessa função, viajei diversas vezes a Brasília, onde tive a oportunidade de reencontrar e dialogar com o senador Petrônio Portella.

Ao longo de todos esses anos, desde o tempo em que foi meu professor até seus últimos dias de vida, mantive por ele profunda admiração. Petrônio foi, sem dúvida, o maior político que o Piauí e o Brasil já tiveram. No Senado Federal, deixou marcas indeléveis, inclusive sendo nomeado Ministro da Justiça, posição na qual exerceu papel decisivo na redemocratização do país.

Em cada fase da sua vida pública, demonstrou notável capacidade de articulação e uma habilidade rara de apaziguar ânimos em tempos de grande tensão. Sua liderança serena e conciliadora foi fundamental para abrir caminhos ao diálogo e à transição política do Brasil.

Neste centenário de Petrônio Portella, presto minha homenagem a esse mestre que tanto me inspirou. Relembrar as coincidências e vivências políticas que partilhamos é, para mim, motivo de honra e gratidão.

Petrônio Portella era apontado como um dos principais nomes para disputar a Presidência da República. Tenho convicção de que teria sido um grande presidente, se não tivesse falecido precocemente em 6 de janeiro de 1980. Sua morte representou uma perda irreparável para a política piauiense, para o Brasil e para a democracia.

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