ESPECIAL – Dirceu Arcoverde: 100 anos – (Parte 3)

Por: Assessoria

Teresina - PI

O cartaz da campanha de Dirceu ao Senado/Imagem: Acervo da família.
O cartaz da campanha de Dirceu ao Senado/Imagem: Acervo da família.

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No Senado, um mandato de apenas 44 dias

Pelas voltas que a política dá, Dirceu Arcoverde enfrentou nas urnas, nas eleições de 1978, seu ex-chefe Alberto Silva, de quem fora secretário de Saúde e sucessor no governo, a partir de 1975.

Por essa época, Alberto já se projetava como um mito político, depois de realizar um governo revolucionário no Estado.

Somente um político com o perfil de Dirceu, também realizador, popular e de espírito pacato e conciliador, dado ao diálogo, seria capaz de enfrentá-lo nas urnas com alguma chance de vitória.

Arena dividida

Naquele pleito, Dirceu concorreu pela Arena-1, recebendo todo o suporte da máquina partidária e do governo estadual.

Alberto Silva, candidato da Arena-2, recebeu o apoio dos dissidentes governistas – que não eram muitos – e do MDB, que não teve forças para lançar candidato próprio.

Nessa época, só havia dois partidos políticos no Brasil, a Aliança Renovadora Nacional (Arena) e o MDB.

E havia a sublegenda. Cada um desses partidos podia se dividir até em três. Isso favorecia enormemente o partido do governo. A maioria dos políticos de então se acotovelava na Arena, para ficar à sombra do poder.

Disputa acirrada

A crônica política registra que a disputa entre Alberto Silva e Dirceu foi uma das mais acirradas da história eleitoral do Piauí.

Teresina era incontrolavelmente albertista e, assim, hostil ao candidato a senador apresentado pelo esquema governista.

Mas Dirceu acabou vencendo o pleito por uma vantagem de 30.211 votos. Ele totalizou 290.218 votos (52,75% da votação total) e Alberto conseguiu 260.007 votos (47,25%).

AVC na tribuna do Senado

Mas o que parecia uma carreira política promissora teve fim precocemente.

O senador faleceu no 44º dia de seu mandato popular de 8 anos, depois de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) quando fazia seu discurso de estreia no Senado.

Tinha 53 anos, seis meses e nove dias de vida.

Derrotado vira senador

O inesperado falecimento de Dirceu Arcoverde mudava radicalmente o curso da política no Piauí.

Outra vez, pelas voltas que a vida dá – ou a morte –, o ex-governador Alberto Silva assumiu sua cadeira no Senado, por ter sido o segundo candidato mais votado da Arena.

Alberto cumpriu todo o mandato e, quando já estava no fim da legislatura, elegeu-se governador, em 1986, depois de ter sido derrotado nas eleições governamentais de 1982. (Continua…)

(*) Zózimo Tavares é jornalista e escritor. Autor da biografia “Dirceu Arcoverde – Uma esperança interrompida”.

Dirceu Arcoverde em campanha para o Senado, em 1978. Comício no então povoado São João da Varjota, em Oeiras/Imagem: Acervo da Fundação Nogueira Tapety

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